Nova lei promete punir pais que jogam filhos contra ex-parceiros

Prática, conhecida como alienação parental, prejudica a formação das crianças. Desde setembro uma lei considera isso um crime.

 

"Ela está bem distante atualmente. Já tem um ano que não a vejo...", diz.

Ele não pode ser identificado porqie o caso ainda está na Justiça.
A mãe, com quem ele viveu pouco tempo, dificulta os encontros entre pai e filha desde que a menina tinha dois anos.

"Eu nunca passei um Natal com minha filha e ela vai fazer 18 anos agora...."
É um caso típico de alienação parental.
"Alienação parental termo utilizado para que a gente determine o conjunto de sintomas que são criados ou imputados à criança, filho de pais separados, quando um dos pais tenta denegrir a imagem do outro a ponto de fazer com que ele não exista mais no imaginário e no interior dessa criança", explica a piscóloga e advogada Alexandra Ulmann.

Os maiores prejudicados são os filhos.

"Prejudica muito, na verdade a personalidade da criança se estrutura na relação com pai e mãe. Quando um genitor começa a desqualificar a imagem do outro genitor para essa criança, a identidade dela passa a ficar comprometida e uma série de questões relacionadas a essa estruturação de personalidade ficam comprometidas, como relacionamentos dela no futuro, ansiedade, depressões.... Uma série de outras questões podem decorrer da alienação parental", diz a pisicóloga Andreia Calçada.
Um mal comum na sociedade

"A alienação parental  tem graus variáveis, existem aqueles que são bem sutis desde a dificuldade de contato telefone com a criança , da desqualificação do pai ou da mãe com aquele que cuida. É sempre aquela coisa muito sutil . Até situações mais graves como acusações falsas de abuso , psicologica ou sexual, são usadas dentro dos processos de alienação parental para destruir o vínculo afetivo entre um dos filhos e o genitor", comenta Andreia Calçada.

Mas desde o fim do mes passado, falar mal de pai ou mãe, ou dificultar a convivência, passou a ser considerado crime. A lei pune pais e mães que tentam colocar os filhos contra o ex-parceiro. O crime é definido como interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente.
Que tanto pode vir dos pais, quanto dos avós, ou de quem tenha a guarda da criança.
A nova legislação prevê multa, a ser definida pelo juiz, acompanhamento psicológico e até perda da guarda da criança.

Mas a lei não pretende apenas punir.
"A idéia é que a lei não seja só punitiva, seja pedagogica.  Que possa manter um convívio com os dois genitores", diz Andreia Calçada.
Após dezesseis anos de luta, a esperança homem é o tempo: ele espera que a filha entenda, quando for maior de idade, o amor de pai com que ela pode contar.

Bom Dia Brasil - 08/09/2010
Fonte: Bom Dia Brasil - Globo.com
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