Uma fortuna jogada no lixo

O Brasil produz mais de 240 mil toneladas de lixo por dia. Desse volume, apenas 13% vão para aterros controlados, outros 10% para aterros sanitários, 09% são compostados em usinas e 0,1% são queimados. Os restantes 76% (mais de 180 mil toneladas) são depositados em “lixões” a céu aberto, provocando enorme impacto ambiental e risco à saúde do planeta e da população. Algo precisa ser feito para reverter esse quadro desfavorável. A reciclagem é o ideal pois, além de evitar que o nosso habitat se transforme numa grande lixeira, ainda proporciona a montagem de uma grande fonte de recursos a partir do que jogamos fora.


Há anos desenvolvo polímeros que tornaram capaz a formação de uma liga segura entre os diferentes tipos de matéria plástica – hoje são aproximadamente 400 – que o homem e as empresas descartam. Com esse processo, conseguimos um produto híbrido de alta resistência e durabilidade, capaz de substituir a madeira com as vantagens ser imune ao apodrecimento, a pragas e ao fogo. Em processo de extrusão, com ele produzimos mourões para cercas, estufas e barracões, cruzetas para postes de distribuição de eletricidade, dormentes ferroviários e uma gama de outros materiais e formatos que o consumidor necessitar. O sistema de laminação poderá também transformá-lo em placas capazes de substituir as peças hoje produzidas com metálicos, madeiras, fibras ou cimento.

Essa grande riqueza hoje é lixo e problema ambiental. Com algum investimento, organização e método, esse material readquire utilidade e, em vez de problema, transforma-se em solução.

Sebastião Pereira da Silva
Pesquisador e reciclador
Fonte: Hoje Em Dia - Ed 16/09/2010
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