Pesquisas: credibilidade perdida no ralo da política

Nova eleição presidencial reforça, mais uma vez, a descrença da sociedade na credibilidade das pesquisas eleitorais. O comportamento, porém, ocorre depois do resultado anunciado e das surpresas decorrentes. Há, no Brasil, nacionalmente, quatro destacados institutos: o Datafolha, ligado ao jornal Folha de S. Paulo; o Vox Populi, o Sensus e o Ibope. Excetuando-se o Datafolha, que se aproximou da previsão de segundo turno, os outros três, nas últimas semanas, bateram na tecla de vitória de Dilma Rousseff, do PT, no primeiro embate, domingo. 
O Vox Populi, do sociólogo Marcos Coimbra, bateu bumbo para a militância do PT diariamente. Coimbra, que ganhou uma coluna na revista Carta Capital, com o nome de seu instituto, escreveu várias vezes sobre a vitória antecipada, em primeiro turno, de Dilma Rousseff sobre José Serra (PSDB). Questionou até a influência de Marina da Silva (PV) para o segundo turno, que se concretizou entre a petista e o tucano, no resultado das urnas. 
No domingo, convidado a comentar o tema na televisão, Marcos Coimbra falou, falou, mas não deixou claro porque o seu Vox Populi errou. Como afirma, em e-mail, um amigo meu: se o erro é tão relevante, como aconteceu no caso de Marina, é melhor não fazer pesquisa nenhuma. (Registre-se aqui que Carta Capital, transparentemente, declara apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Dilma Rousseff).
O instituto Sensus é conhecido pelas suas pesquisas em parceria com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), entidade empresarial atrelada a verbas públicas significativas. O Ibope conseguiu fazer uma boca de urna, ao final da eleição de primeiro turno, domingo, colocando em dúvida a possibilidade de segundo turno, evidenciada horas depois. 
O Ibope, nome quase sinônimo de pesquisa no país, já enfrentou outros questionamentos.
Vox Populi, Sensus e Ibope, por sinal, brigaram publicamente com o Datafolha sobre o uso político das pesquisas. O Datafolha, domingo, venceu, depois de ser alvo preferido de ataques de alas do PT, as mesmas que defendem o controle da imprensa.
Resta acompanhar o comportamento dos institutos agora na campanha do segundo turno, que se completará dia 31. Confiança mesmo só no próprio voto e no resultado final das urnas.

José Aparecido Miguel

Fonte: JORNAL DO BRASIL
Eu no: Fatos no Espelho
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