A dois reais da dor e do sofrimento.. .- O alcoolismo entre adolescentes


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Dois reais. Esse é o preço médio pago por adolescentes e até mesmo crianças para consumir uma latinha de cerveja. Por outro lado, os custos relativos a tratamentos de recuperação quanto ao alcoolismo ou ainda pagos a hospitais em cirurgias para salvar acidentados provenientes de batidas de automóveis motivadas pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas é muitas vezes superior...
Quando lhe dizem que poderia ser seu filho você até fica preocupado, não é? Braços e pernas quebrados, corpo engessado, cadeira de rodas ou mesmo apenas alguns cortes e arranhões incomodam qualquer pai ou mãe. Paralisia parcial ou total dos membros motiva verdadeiros arrepios aos responsáveis por crianças e adolescentes. Quando o acidente causa a morte então...
E o pior de tudo é imaginar que esse transtorno causado pelo consumo de bebidas como cervejas e vinhos começa muitas vezes em casa, a partir do incentivo dos próprios familiares. É muito comum que pais, tios ou avós motivem as primeiras iniciativas e experiências etílicas de seus filhos, sobrinhos ou netos.
Sabem aquela história de querer mostrar que os filhos já estão ficando mocinhos e que precisam mostrar para todo mundo que estão se integrando ao mundo dos adultos? Pois é, aqueles inocentes copos de cerveja dados a um garoto e a sua namorada de 14 ou 15 anos de idade constituem ato irresponsável e ilegal que pode levar a conseqüências desastrosas para todos.
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O consumo de bebidas alcoólicas começa muitas vezes na própria casa do adolescente.
Além disso, a participação em shows e eventos noturnos pode muitas vezes
propiciar oportunidades ao consumo desses produtos. Fique atento a
isso e evite que seus filhos sejam induzidos ao consumo.

Acompanho regularmente as notícias veiculadas pela mídia acerca de acidentes e mortes causados pelo consumo de álcool entre jovens, adolescentes e, até mesmo entre crianças. Tenho escutado pela Rádio Jovem Pan, em sua cruzada contra o consumo de drogas entre adolescentes, relatos assustadores de grandes eventos artísticos e culturais voltados para públicos nessa faixa etária, patrocinados por grandes fabricantes de bebidas alcoólicas em que, a despeito das proibições legais, há venda regular de bebidas para menores de idade.
Contaminação provocada pelo consumo excessivo de álcool que pode ocasionar até mesmo situações de morte não são incomuns em eventos desse porte e natureza. Não sou contrário à realização de shows de rock, rap, mpb ou qualquer outro tipo de música, acredito apenas que as leis existem para que sejam respeitadas e cumpridas. Nesse sentido advogo a tese de que a comercialização de bebidas alcoólicas em eventos deve ser rigorosamente fiscalizada e punida.
Multas para os fornecedores, processos contra os vendedores, condenação a trabalhos comunitários para os organizadores do evento e até mesmo responsabilização penal para os pais que tiverem seus filhos envolvidos em venda de bebidas alcoólicas para menores. Todos aqueles que participam dessa nefasta propagação do vício têm que responder judicialmente pelo erro para que o problema seja verdadeiramente debelado e combatido.
Não adianta pensar que a culpa sempre é do outro. Todos têm sua parcela de responsabilidade em situações trágicas e ilegais como essas. Grandes indústrias que vendem cachaça, vinho, licor, cerveja, tequila, vodca ou qualquer outro tipo de bebida também tem que se comprometer em cobrar e até mesmo fiscalizar seus pontos de revenda para evitar que seus produtos sejam sorvidos por quem não deve.
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A cerveja e o vinho têm grande apelo entre adolescentes e jovens
em virtude da intensa publicidade e da relação que é feita entre essas
bebidas e a juventude ou a sofisticação. Não deixe que seus filhos sejam
iludidos, bebidas alcoólicas são proibidas para menores em nosso país.

Dizem que no Brasil as leis só se tornam eficazes a partir do momento em que pesam no bolso das pessoas. Não deixa de ter razão esse pensamento consolidado entre a população. Por isso mesmo devem ser aprovadas sanções a qualquer pessoa ou empresa que não demonstre comprometimento com essa importante batalha a ser travada em nossa sociedade.
Porque, convenhamos, não podemos atribuir ao álcool acontecimentos como as brigas de torcidas, as lutas de gangues, os acidentes de trânsito, o consumo de (outras) drogas, a agressividade e o desrespeito dos mais jovens em relação aos mais velhos, a evasão escolar, a depredação de bens públicos (como ônibus, bancos de praça, telefones públicos,...) e tantos outros fatos relacionados à nossa juventude.
Entretanto é justo lembrar que muitas dessas situações envolvem pessoas que estão alcoolizadas e que, fora do seu juízo perfeito, atormentadas pelos efeitos do consumo dessa droga legalizada, são capazes de praticar atrocidades como atirar contra inocentes, quebrar bens públicos ou particulares ou, simplesmente, cabular aulas e abandonar os estudos...
Também é válido e importante lembrar que vários estudiosos e especialistas advertem que o consumo de álcool serve como porta de entrada para a utilização de drogas ilícitas e extremamente perigosas como a maconha, o ecstasy, o crack, a cocaína ou mesmo os ácidos e a cápsula do medo.
Aquele “inocente” copinho de cerveja oferecido ao seu filho pode representar simplesmente o início de uma série de problemas sérios e graves. As repercussões podem ser tão “simples” quanto à perda de algumas aulas e a reprovação escolar ou ainda são capazes de atingir querelas judiciais, sérios problemas de saúde e até mesmo, ressalto mais uma vez, a morte.
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Converse com seus filhos, participe da vida deles, estimule-os a praticar esportes,
acompanhe seus resultados escolares, conheça os colegas deles, seja amigo
e mereça a confiança dos mesmos para que a felicidade e a saúde
estejam
 sempre com vocês. Vamos dizer não as drogas!

Orientações familiares são o primeiro passo para que o problema seja evitado. Diálogo freqüente, proximidade dos pais em relação aos filhos, participação nas atividades escolares, incentivo a prática de esportes ou ao envolvimento com cultura e, principalmente, compreensão e amizade sincera são essenciais para uma relação saudável entre pais e filhos. Tais práticas e atitudes são suficientes para resolver o problema?
Ainda não. É necessário prestar esclarecimentos quanto às drogas lícitas e ilícitas. Nesse sentido são necessárias campanhas de esclarecimento público por parte das autoridades e também a partir das escolas. É também de fundamental importância que surjam oportunidades de participação das crianças e adolescentes em oficinas culturais e escolinhas esportivas a partir de iniciativas das prefeituras, dos governos estaduais e também das unidades escolares.
A fiscalização e as sanções aplicadas a fornecedores e vendedores de drogas lícitas e ilícitas constituem uma outra e necessária etapa na luta contra o consumo de álcool, cigarros e demais tóxicos impróprios à saúde. Nesse sentido é importante ressaltar que o sentimento de impunidade reinante em nosso país em nada contribui para a consolidação de um maior respeito às leis. Precisamos de maior eficiência e rigor por parte da polícia e do judiciário.
Fico pensando em como me sentiria se um de meus filhos ou alunos tivesse sua vida comprometida em virtude do consumo prematuro de bebidas alcoólicas e acredito que estaria muito próximo de minha ruína ou falência enquanto ser humano. Penso que atingiria um perigoso e praticamente intransponível inferno astral. Teria muitas dificuldades de me levantar e viver com dignidade cada novo amanhecer depois de uma derrota como essa... Temos que fazer alguma coisa!

João Luís de Almeida Machado - Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).


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