Tiago escreveu que todo homem deveria ser pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar. Estabeleceu que ouvir é mais importante que falar. No mínimo, mais terapêutico e mais abençoador. Bons ouvintes ajudam os outros a elaborarem seus sentimentos e superarem suas contradições. Só em sermos ouvidos por amigos atenciosos e solidários já nos sentimos acolhidos, fortalecidos e animados. Ouvir é amar.
O problema é que perdemos a capacidade de ouvir. Invertemos a fórmula de Tiago. Falamos muito, ouvimos pouco. Desprezamos o mandamento e sofremos as conseqüências. Tornamo-nos vítimas de um comportamento com o qual contribuímos: o egocentrismo de quem já não tem tempo para o outro e tampouco se interessa por suas necessidades. Acabamos por nos “fechar” em nós mesmos.
Por que, afinal, ouvimos tão pouco?
1. Porque entramos na roda viva da luta pela sobrevivência, na qual ouvir é perda de tempo e tempo é dinheiro. A correria afasta as pessoas. Achamos que, se pararmos para ouvir, seremos aprisionados por dificuldades que nem nossas são, as quais o outro deveria resolver por si mesmo (afinal, lidamos sozinhos com nossos problemas e adversidades).
2. Porque nos tornamos juízes do mundo e das pessoas ao nosso redor. Juízes lidam com fatos. Acreditamos que o outro espera de nós veredictos, respostas, soluções para as crises. Damos pouca ou nenhuma atenção aos sentimentos por trás das palavras. Perdemos o contato com o coração. Esquecemos que o outro é inteligente e experimentado, tanto quanto nós mesmos. Seu problema não é desconhecer as soluções; seu problema é não ter coragem para dar passos. E coragem não se adquire com correções ou sugestões. Coragem se adquire com apoio, acolhimento e incentivo emocional.
3. Porque estamos tão ligados em nós mesmos, em nossa própria batalha existencial, que a palavra do outro logo é assumida como se fosse uma oportunidade para falar de nós mesmos. Se nos sentimos ameaçados, nos defendemos (é, eu fiz isso, mas você fez pior...). Se nos sentimos valorizados, nos propagandeamos (já passei por isso, é fácil, eu sei como é, já vi coisas piores...). O “eu” sempre no centro!
4. Porque, mais importante que tudo, nos distanciamos de Deus. Oramos pouco. Ouvimos com dificuldade o que Deus tem a nos dizer. E porque estamos carentes daquela vida que somente Deus pode nos oferecer, tentamos depositar sobre os outros nossas expectativas e demandas afetivas. Quem quer atenção, normalmente, não está disposto a dar atenção. Vive com raiva das pessoas e decepcionado com elas.
Alguns desafios para uma geração de homens e mulheres capazes de ouvir e dispostos a ajudar: gaste tempo com pessoas, elas são mais importantes do que bens ou conquistas; preocupe-se menos com fatos e detalhes, esforce-se para compreender os sentimentos que estão por trás das palavras; não se defenda e não promova a si mesmo, pois é para Deus que somos quem somos; finalmente, fale com Deus e ouça-o com atenção, deixando suas carências aos seus pés e assumindo a missão que lhe confiar.
Para terminar, algumas frases de sabedoria sobre a arte de ouvir que não devem sair de nossas mentes e corações: “No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente” (Provérbios 10:19). “Porque dos muitos trabalhos vêm os sonhos, e do muito falar, palavras néscias” (Eclesiastes 5:3). “Se o que você vai dizer não é mais belo que o silêncio, não diga” (Provérbio Árabe). “Somente sabem falar os que sabem fazer silêncio e ouvir” (Rubem Alves). “Ninguém fala com maior segurança do que aquele que gosta de silenciar” (Tomás Kempis).
Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o sitewww.institutojetro.com e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com
Marcelo Gomes
Fonte: Instituto Jetro
O problema é que perdemos a capacidade de ouvir. Invertemos a fórmula de Tiago. Falamos muito, ouvimos pouco. Desprezamos o mandamento e sofremos as conseqüências. Tornamo-nos vítimas de um comportamento com o qual contribuímos: o egocentrismo de quem já não tem tempo para o outro e tampouco se interessa por suas necessidades. Acabamos por nos “fechar” em nós mesmos.
Por que, afinal, ouvimos tão pouco?
1. Porque entramos na roda viva da luta pela sobrevivência, na qual ouvir é perda de tempo e tempo é dinheiro. A correria afasta as pessoas. Achamos que, se pararmos para ouvir, seremos aprisionados por dificuldades que nem nossas são, as quais o outro deveria resolver por si mesmo (afinal, lidamos sozinhos com nossos problemas e adversidades).
2. Porque nos tornamos juízes do mundo e das pessoas ao nosso redor. Juízes lidam com fatos. Acreditamos que o outro espera de nós veredictos, respostas, soluções para as crises. Damos pouca ou nenhuma atenção aos sentimentos por trás das palavras. Perdemos o contato com o coração. Esquecemos que o outro é inteligente e experimentado, tanto quanto nós mesmos. Seu problema não é desconhecer as soluções; seu problema é não ter coragem para dar passos. E coragem não se adquire com correções ou sugestões. Coragem se adquire com apoio, acolhimento e incentivo emocional.
3. Porque estamos tão ligados em nós mesmos, em nossa própria batalha existencial, que a palavra do outro logo é assumida como se fosse uma oportunidade para falar de nós mesmos. Se nos sentimos ameaçados, nos defendemos (é, eu fiz isso, mas você fez pior...). Se nos sentimos valorizados, nos propagandeamos (já passei por isso, é fácil, eu sei como é, já vi coisas piores...). O “eu” sempre no centro!
4. Porque, mais importante que tudo, nos distanciamos de Deus. Oramos pouco. Ouvimos com dificuldade o que Deus tem a nos dizer. E porque estamos carentes daquela vida que somente Deus pode nos oferecer, tentamos depositar sobre os outros nossas expectativas e demandas afetivas. Quem quer atenção, normalmente, não está disposto a dar atenção. Vive com raiva das pessoas e decepcionado com elas.
Alguns desafios para uma geração de homens e mulheres capazes de ouvir e dispostos a ajudar: gaste tempo com pessoas, elas são mais importantes do que bens ou conquistas; preocupe-se menos com fatos e detalhes, esforce-se para compreender os sentimentos que estão por trás das palavras; não se defenda e não promova a si mesmo, pois é para Deus que somos quem somos; finalmente, fale com Deus e ouça-o com atenção, deixando suas carências aos seus pés e assumindo a missão que lhe confiar.
Para terminar, algumas frases de sabedoria sobre a arte de ouvir que não devem sair de nossas mentes e corações: “No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente” (Provérbios 10:19). “Porque dos muitos trabalhos vêm os sonhos, e do muito falar, palavras néscias” (Eclesiastes 5:3). “Se o que você vai dizer não é mais belo que o silêncio, não diga” (Provérbio Árabe). “Somente sabem falar os que sabem fazer silêncio e ouvir” (Rubem Alves). “Ninguém fala com maior segurança do que aquele que gosta de silenciar” (Tomás Kempis).
Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o sitewww.institutojetro.com e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com
Marcelo Gomes
Fonte: Instituto Jetro
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