21/11/2010 19:30
Ao contrário da crença de que, na internet, você é livre para fazer o que quiser e de graça, as ações mais corriqueiras têm um preço: comparar preços de um mesmo produto, deixar recados para amigos e procurar informações sobre um tópico de interessem custam sua privacidade.A não ser que você seja neurótico, é muito provável que seu disco rígido, independente do sistema operacional que você use, esteja repleto de pequenos arquivos de texto, vindos da maioria dos endereços que você visitou. Esses arquivos, os cookies, registram o que você faz online e são usados pela maioria dos sites online para oferecer facilidades à sua audiência, como indicar produtos de que você talvez precise, destacar notícias ainda não lidas ou avisar sobre o post novo no blog que você costuma ler.
Mas o sistema tem dois lados: ao mesmo tempo em que facilitam a navegação, os cookies enviam dados sobre seus hábitos para empresas que, posteriormente, oferecerão a anunciantes um público-alvo mais preciso. Se seus hábitos online, colhidos pelos cookies e registrados pelos sites que você visita, indicam que seu perfil médio é o ideal para determinado produto, anúncios dos mais diversos sobre o lançamento daquele produto serão reproduzidos em diferentes sites no decorrer dos dias. A principal alegação de defesa do mercado é que a privacidade dos usuários não está em risco, já que a coleta de dados é anônima.Esse comércio de dados pessoais colhidos é o ouro da publicidade online: quanto mais informações sobre você os anunciantes têm, maior é a precisão com que podem planejar campanhas publicitárias online. No meio dessa equação, quem lucra fazendo a ponte entre seus hábitos online e o anunciante são os sites, serviços online, redes de publicidade ou agências que vivem de coletar e repassar dados.Como? Essas “atravessadoras de informações pessoais” se filiam ao maior número possível de sites para registrar os passos do usuário em diferentes endereços e, assim, ter uma descrição bem detalhada. Com perfis de usuários montados a partir desse monitoramento, seja feito por um cookie ou um beacon (leia abaixo), é fácil para a agência empacotar os dados e oferecê-los a empresas que queriam comprar perfis genéricos (por exemplo, jovens do Sul do Brasil) ou bem específicos (menina de 15 anos de São Paulo que surfa).Os bastidores desse mercado podem ter momentos sujos, como mostrou um especial publicado pelo jornal The Wall Street Journal (WSJ) chamado What they know (O que eles sabem, em tradução livre). A série de reportagens revelou tanto abusos por parte dos sites na hora de usar as tecnologias de monitoramento (ao visitar os 50 maiores sites dos EUA, usuários recebem, em média, 64 cookies de cada um deles) como de empresas envolvidas no ecossistema de coleta e comercialização de dados.Uma delas é a Microsoft. Em reuniões internas no começo do desenvolvimento do Internet Explorer 8, o plano técnico era fazer que o navegador rejeitasse ferramentas de rastreamento. O plano, no entanto, foi descartado, em nome do potencial lucro que a companhia poderia ter ao permitir que o browser mais popular da internet aceitasse cookies e afins como padrão, o que facilitaria o monitoramento realizado pelas agências.
O MySpace também foi alvo de críticas quando foi descoberto que a rede social começou a vender dados pessoais de seus usuários, como posts, listas musicais, fotos e códigos postais. Os dados coletados – que antes eram apenas para uso interno – passaram a ser vistos pelo serviço, em dificuldades financeiras cada vez maiores nos últimos anos, como possível nova fonte de lucro e foram revendidos a quem pudesse se interessar.Não foi a única vez em que o sigilo digital dos usuários foi quebrado. O WSJ também descobriu que uma das agências que coleta e vende dados pessoais, chamada RapLeaf, monitora milhões de norte-americanos de forma não anônima. Ainda que tenha admitido ao jornal não repassar os nomes para clientes, a RapLeaf repassou a campanhas publicitárias convencionais e políticas dados que poderiam identificar os usuários.
A polêmica iniciada após a revelação forçou a RapLeaf a mudar sua política de compartilhamento e ainda fez que políticos que usaram dados da agência durante suas campanhas eleitorais anunciassem publicamente que não seriam mais clientes dela.No balanço entre usuários ainda pouco conscientes do problema e empresas que buscam novas formas de lucrar com dados pessoais, há uma lacuna na lei. No Brasil, há 20 projetos relacionados ao tema em trâmite, como o Marco Civil da Internet, mas não há legislação efetiva. Na Europa, há regras para o monitoramento: ele deve ser explícito, a revogação deve ser fácil e os dados devem ficar armazenado por tempo determinado. Nos EUA, a Justiça considera legal a instalação de cookies simples, mas ainda precisa deliberar sobre novas tecnologias de monitoramento.+E-commerce
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Usam cookies para que as definições do usuário sejam lembradas. Coletam dados para fins publicitários e registram a localização dos usuáriosCom ou sem cookiesINTERNET EXPLORER | No menu Ferramentas, escolha Opções da Internet. Vá então a Histórico de navegação, na aba Geral, e a Configurações. Clique em Exibir arquivos para ver os cookies. Para bloqueá-los, volte à janela inicial e vá a Privacidade e Avançado.FIREFOX | Em Preferências, clique na aba Privacidade e Excluir cookies em particular.SAFARI | No menu Safari, clique em Preferências e na aba Segurança. Na opção Aceitar cookies, você pode bloquear todos, nenhum ou só os de terceiros ou anunciantesCHROME | No menu Chrome, vá a Preferências. Clique em Nos Bastidores e no botão Definições de conteúdo. Então, vá ao menu Cookies e defina se os aceita ou não cookies ou para limpar todos eles.GlossárioBEACON | Ferramenta que gerencia dados sobre o usuário e indica o que foi lido tanto em sites como em e-mailsBEHAVORIAL TARGETING | Termo para designar a prática de apresentar campanhas publicitárias baseadas no que o usuário costuma acessarCOOKIES | Arquivos de texto enviados ao PC do usuário para armazenar seus hábitosSPYWARE | Softwares que se instalam no computador à revelia do usuário para monitorar seus hábitos tanto na internet como no próprio PC/GUILHERME FELITTI
O MySpace também foi alvo de críticas quando foi descoberto que a rede social começou a vender dados pessoais de seus usuários, como posts, listas musicais, fotos e códigos postais. Os dados coletados – que antes eram apenas para uso interno – passaram a ser vistos pelo serviço, em dificuldades financeiras cada vez maiores nos últimos anos, como possível nova fonte de lucro e foram revendidos a quem pudesse se interessar.
A polêmica iniciada após a revelação forçou a RapLeaf a mudar sua política de compartilhamento e ainda fez que políticos que usaram dados da agência durante suas campanhas eleitorais anunciassem publicamente que não seriam mais clientes dela.
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Fonte: Estadão.com
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