Quando a teologia transforma-se em doxologia

A carta de Paulo aos Romanos é muito mais que simplesmente uma carta, é um tratado teológico. É o maior compêndio de teologia do Novo Testamento. É a epístola das epístolas, a mais importante e proeminente carta de Paulo. John Murray diz que a carta aos Romanos é uma exposição e uma defesa do evangelho da graça. Dr. F.F. Bruce que foi uma das maiores autoridades do mundo em N.T chama Romanos de “o evangelho segundo Paulo”.
Francis Schaffer diz que até pouco tempo o livro de Romanos era estudado em escolas de direito norte-americanas, a fim de ensinar aos estudantes a arte de tecer uma argumentação. Nenhum livro da Bíblia teve maior influência na história da igreja que a carta aos Romanos. Esta epístola, mais que qualquer outro livro da Bíblia, tem influenciado a história do mundo de forma extraordinária.

Foi por intermédio da sua leitura que Agostinho, o grande líder religioso e intelectual da África do Norte, professor de retórica em Milão, o maior expoente da igreja ocidental no período dos pais da igreja, foi convertido a Cristo em 386 d.C. Agostinho que viveu de forma devassa, entregue às paixões carnais, num certo dia, estava sentado no jardim de seu amigo Alípio, onde começou a chorar suas misérias. Ali sentado, ouviu uma criança cantar numa casa vizinha: Tolle, lege! Tolle, lege! (Pega e lê, Pega e lê). Ao tomar o manuscrito do amigo que estava ao lado, seus olhos caíram no texto de Romanos 13.13,14. A partir daquele momento, a vida de Agostinho nunca mais seria a mesma.

Poderia ainda falar, do monge agostiniano Martinho Lutero, que ao ler Romanos 1.17 saiu da escravidão espiritual e descobriu que o justo vive pela fé. Até então, Lutero vivia atormentado pela culpa. A justiça de Deus o esmagava e o levava ao desespero. O monge afligia sua alma com intérminas confissões ao vigário, no confessionário, flagelando seu corpo com castigos e penitências. Portanto, a epístola de Paulo aos Romanos, é de uma riqueza inexaurível, de uma teologia profunda, que nos leva à uma doxologia que nos faz contemplar quão grande é o nosso Deus!

Neste momento, você deve estar se perguntando: “Pr Marcelo, quando a teologia transforma-se em doxologia?”

1) Quando não separamos a teologia (nossa crença em Deus) da doxologia (nosso culto a Deus).
Perceba que neste parágrafo, o apóstolo Paulo passa da teologia para a doxologia, da doutrina para o louvor, do argumento para adoração. Paulo neste capitulo 11 de Romanos está tratando de um tema profundo que até hoje dividem os estudiosos: Qual será o futuro de Israel? Ele mostra por argumentos irrefutáveis, que o Eterno não desistiu de Israel, e tem um tempo escatológico, onde haverá a salvação do remanescente. Paulo mostrou que há uma plenitude tanto para Israel (Rm 11.12) como para os gentios (Rm 11.25). Somente quando estas duas “plenitudes” se fundirem em uma só é que se realizará a nova humanidade, constituída de um número incontável de remidos (Ap 7.9).

Devemos nos acautelar tanto de uma teologia sem devoção como de uma devoção sem teologia. Precisamos de luz na mente e fogo no coração. De nada vale, a mente cheia, e o coração vazio. Assim como, não adianta o coração cheio, e a mente vazia. Devemos buscar o equilíbrio!

2) O estudo da teologia deve levar-nos à compreensão de que Deus não pode ser domesticado, nem plenamente compreendido por nossa mente finita (Rm 11.33-35)

Paulo destaca aqui três preciosas verdades:

A) a profundidade da riqueza de Deus (Rm 11.33) – Paulo já havia falado sobre as riquezas de Deus (Rm 2.4; 9.23; 10.12). A idéia predominante é que a salvação é uma dádiva de Deus que enriquece imensamente aqueles a quem é concedida.

B) A inescrutável sabedoria de Deus (Rm 11.33) – Foi a sabedoria de Deus que planejou a salvação e foi sua riqueza que a concedeu. Os juízos de Deus não apenas são profundos, mas também insondáveis. Seres finitos como nós não podem penetrar nas profundezas de Deus. Somos finitos, diante da grandeza e sabedoria de Deus. Reconheçamos isto!

C) A absoluta independência de Deus (Rm 11.34,35) – A mente de Deus não pode ser exaurida pela mente finita dos homens. Não podemos tornar Deus mais sábio com nossos conselhos. Deus não depende de suas criaturas; nós é que dependemos Dele para nos ensinar e salvar.

Conclusão

Não podemos deixar que a teologia nos afaste de Deus. Precisamos aquecer nossos corações e reconhecermos que Deus é soberano. Precisamos nos encantar com sua presença. Nossa teologia só é verdadeira, quando transforma-se em doxologia. Paulo, o maior teólogo que o mundo conheceu, deixou este legado para nós!

Nele, Pr Marcelo Oliveira

Bibliografia: Wiersbe, Warren. Comentário Expositivo. Geográfica Editora
Stott, John. Romanos. Ed. ABU
Lopes, Hernandes Dias. Romanos. Ed. Hagnos
Bruce, F.F. Romanos: introdução e comentário, pág. 172

Fonte: A Supremacia das Escrituras
1 Response
  1. Shalom!

    1. Parabéns pelo lindo layout (template) do seu blog!

    2. Agradeço a postagem deste texto. O Eterno abençoe sua vida, família e ministério. Amado pastor, lançei meu novo livro: Ele morreu para que nós vivêssemos. Estou fazendo algo especial no lançamento. Caso o sr tenha interesse, entre em contato via e-mail: evmarcello.olliver@gmail.com

    grato, Pr Marcello