Conheça os sintomas e as complicações da Síndrome do Pânico

A doença é caracterizada por ataques repentinos, inexplicados e recorrentes de grande ansiedade (crises de pânico, por exemplo). Os ataques duram poucos minutos, são autolimitados (cessam espontaneamente), mas causam muita apreensão e medo, sendo frequentemente associados com uma sensação de morte iminente.

Ela atinge pessoas de qualquer classe social ou profissão, seja na área urbana ou rural. Em 70% dos casos, a doença começa a se manifestar entre os 20 e 35 anos, e geralmente em uma fase profissionalmente muito produtiva. A ansiedade causada por uma separação durante a infância, interrupções de relacionamentos afetivos e situações estressantes de ordem pessoal e profissional podem predispor ao aparecimento da síndrome do pânico.

Sintomas
Os principais sintomas de um ataque de pânico são: falta de ar, tonturas, palpitações (taquicardia), tremores, sudorese, sufocamento, náuseas ou desconforto no abdome, formigamentos, ondas de calor ou calafrios, dor ou desconforto no peito, medo de morrer, de enlouquecer ou de perder o autocontrole.

A ocorrência simultânea de quatro sintomas, dentre os acima mencionados, é suficiente para estabelecer o diagnóstico da doença. É importante ressaltar que há necessidade de que os ataques de pânico sejam recorrentes (várias vezes por semana ou até diariamente), sendo que estes podem ou não serem acompanhados de agorafobia.

Esta última situação, a agorafobia, é o medo de estar em lugares ou situações nas quais seja difícil sair ou que não haja ajuda disponível na hipótese da ocorrência de um ataque de pânico. Dentre as situações mais frequentes de agorafobia, podemos mencionar aquelas em que o indivíduo está sozinho e fora de casa, numa multidão, em locais de difícil saída (exemplo: shopping center), em uma ponte, numa viagem de ônibus, trem, automóvel ou avião.

Devido aos sintomas dos ataques de pânico, muitas vezes o diagnóstico acaba sendo realizado por um médico clínico, emergencista ou cardiologista, em vez de um psicólogo ou psiquiatra.

Características de personalidade: os portadores de síndrome do pânico são pessoas com tendência ao perfeccionismo, com uma autocrítica muito grande, não se permitindo falhar em nenhum aspecto. Há uma cobrança extrema quanto à execução correta de suas atividades e, de certa forma, estes indivíduos esperam a mesma atitude das outras pessoas. Apresentam-se muitas vezes como pessoas "viciadas no trabalho”, com dificuldades para relaxar, sendo também muito centralizadores em relação as suas tarefas profissionais.

Geralmente gozam de uma ótima capacidade intelectual, mas denotam dificuldade nos relacionamentos afetivos. Inicialmente, os portadores da síndrome do pânico apresentam uma grande convicção que sua doença é de ordem orgânica, não aceitando o diagnóstico de síndrome do pânico. É comum a procura de outro profissional da área médica, tal a sua desconfiança sobre a presença de uma outra doença, de ordem orgânica.

Complicações
Com a repetição dos ataques, podem surgir algumas complicações tais como: hipocondria, fobias associadas direta ou indiretamente com as situações nas quais ocorreu a crise, ansiedade basal, ansiedade de antecipação, agorafobia, autodepreciação, desmoralização, depressão, alcoolismo e, ou, abuso de drogas.

- Ansiedade basal: Caracteriza-se por tensão e dores musculares, dificuldade para relaxar (o paciente fica sempre em alerta, esperando uma nova crise), intolerância a barulho, impaciência, irritabilidade, agressividade verbal, insônia e fadiga no final do dia.

- Ansiedade de antecipação: O paciente pode associar os ataques de pânico a certos locais onde os teve, criando um condicionamento e, dessa forma, sente-se ansioso podendo até terem novos ataques de pânico quando se confronta fisicamente com a situação.

- Evitação fóbica: Cada vez que o paciente tenta enfrentar uma situação fica mais ansioso, chegando ao ponto de ter um ataque de pânico. Quanto mais se evita uma situação, mais receio dela se vai adquirindo.

- Hipocondria: É uma preocupação excessiva com a saúde física, o que se nota pelo fato do indivíduo observar com mais frequência suas funções, em particular a cardiovascular (pressão arterial e batimento cardíaco). O paciente começa a acreditar que deve haver algo muito sério com sua saúde física, algo que os médicos e os exames não são capazes de detectar ou então estão estejam lhe omitindo.

- Desenvolvimento de fobias:
Fobias são situações específicas que geram ansiedade (exemplo: dirigir, lugares fechados, etc.). Estas situações podem estar associadas direta ou indiretamente com ataques prévios de pânico. Como o ataque de pânico não escolhe lugar nem hora, a tendência é irem ampliando progressivamente as fobias ou a ter medo de praticamente tudo.

- Auto-depreciação e desmoralização: As limitações impostas pelo estado fóbico e ansioso comumente levam a outras complicações, tais como sentimentos de autodepreciação e desmoralização. Há queda de qualidade de vida do paciente e da família, além do sentimento de responsabilidade pela doença e por uma hipotética falta de força de vontade para superar o problema.

- Depressão:
Os pacientes com síndrome do pânico e suas complicações podem desenvolver depressão, a qual é reativa as limitações fóbicas ansiosas impostas à vida do indivíduo. Essa depressão é secundária e ela desaparece quando o paciente melhora do pânico.

Gravidade
A gravidade da síndrome do pânico pode ser avaliada através do grau de evitamento agorafóbico e pela gravidade dos ataques de pânico em si.

- Grau do evitamento agorafóbico: Pode ser leve (existe algum evitamento, mas o estilo de vida é relativamente normal, conseguindo viajar desacompanhado quando necessário tal como a trabalho ou para lazer), moderado (resulta num estilo de vida restrito, pois a pessoa é capaz de deixar a sua casa sozinha, no entanto, somente consegue percorrer alguns quilômetros desacompanhados) ou grave (por evitamento resulta em estar parcial ou completamente restrita a sua casa, sendo incapaz de sair desacompanhada).

- Gravidade dos ataques de pânico:
Podem ser leves (durante o último mês não houve mais do que um ataque de pânico), moderados (durante o último mês os ataques foram intermediários entre ataques leves e graves) ou graves (durante o último mês houve pelo menos oito ataques).

Conseqüências
As conseqüências da síndrome do pânico afetam três áreas:

- Econômica: Ocorrem gastos excessivos e desnecessários com médicos, exames e internações. Outro prejuízo econômico são as faltas comuns ao trabalho. Não é raro pacientes com síndrome do pânico serem afastados temporariamente ou definitivamente de seu trabalho.

- Social: O paciente se restringe ao convívio apenas familiar, recusando os convites sociais. Como consequência, os amigos vão se afastando em virtude das dificuldades de relacionamento que o paciente vai adquirindo com a ocorrência sucessiva dos ataques de pânico. É comum estes ataques ocorrerem em reuniões sociais e situações festivas, como aniversários e casamentos.

- Familiar: Após várias consultas médicas e exames mostrando que o paciente não tem aparentemente nada, os familiares acham que tudo não passa de fraqueza ou falta de força de vontade para superar a doença. Como muitas vezes o paciente com síndrome do pânico só sai ou faz algo acompanhado, este fato pode afetar a liberdade da pessoa de quem depende, trazendo aborrecimentos e gerando dificuldades de relacionamento conjugal ou com a família.

Tratamento
O tratamento da síndrome do pânico deve ser realizado com psicoterapia e o uso de medicamentos.

- Psicoterapia:
Quando explicado ao paciente com síndrome do pânico a origem e as características da doença, reforçando o fato de tratar-se de uma condição psiquiátrica e não de origem orgânica, geralmente obtém-se um resultado positivo em relação aos sintomas. Um aspecto importante é estar disponível para conversar com o paciente por telefone em situações de um ataque de pânico iminente ou na vigência deste. Alguns pacientes necessitam de uma psicoterapia mais intensiva visando reduzir as limitações impostas pela doença, como o evitamento fóbico.

- Medicamentos:
Pacientes com síndrome do pânico deverão tomar antidepressivos (medicamentos que ajudam a restabelecer o equilíbrio dos neurotransmissores), por um período mínimo de um ano. A escolha do antidepressivo baseia-se nas características individuais de cada paciente. No entanto, existem antidepressivos mais amplamente estudados e utilizados no tratamento da síndrome do pânico. O uso de tranquilizantes, chamados de benzodiazepínicos, também faz parte do tratamento. Estes medicamentos podem ser usados durante a iminência de um ataque de pânico ou na vigência deste. Porém, com a ação dos antidepressivos ao longo do tempo, estes medicamentos costumam ser descontinuados.

Gabriel Miranda - Redação Saúde Plena
Fonte: Uai.com - Saúde Plena
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