Queima do Alcorão incentiva o recrutamento da Al Qaeda, diz Obama



  • Mulçumano lê o Alcorão durante o mês sagrado do Ramadã, em Katmandu, no Nepal 

  • Mulçumano lê o Alcorão durante o mês sagrado do Ramadã, em Katmandu, no Nepal




  • O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quinta-feira (9) que o plano de um pastor da Flórida de queimar cópias do Alcorão está sendo usado pela rede Al Qaeda como uma ferramenta de recrutamento de militantes. Obama pediu que o pastor reconsidere a decisão.

    "Isto é um incentivo para o recrutamento pela Al Qaeda", disse Obama em uma entrevista ao programa de televisão "Good Morning America", da TV ABC. "Há grave violência em lugares como Paquistão e Afeganistão. Isto pode ampliar o recrutamento de pessoas que desejariam se explodir em cidades americanas ou cidades europeias."


    Obama também classificou de "destrutivo e perigoso" o plano de queimar exemplares do Alcorão no sábado, data de aniversário de nove anos dos atentados de 11 de setembro de 2001.
    A pequena igreja da Flórida vem ignorando as críticas mundiais e mantém seus planos de queimar em torno de 200 exemplares do Alcorão.

    Antes da declaração de Obama, o pastor da Flórida que pretende queimar exemplares do Alcorão afirmou nesta quinta-feira que suspenderá o plano no caso de um pedido do governo. O pastor Terry Jones disse ao jornal "USA Today" que não foi contactado pela Casa Branca, o Pentágono ou o Departamento de Estado sobre a ideia de queimar, no próximo sábado, 200 exemplares do Alcorão.

    "Se isto acontecesse, definitivamente nós voltaríamos a pensar. Isto é o que estamos fazendo agora. Não penso que uma ligação deles seja algo que queremos ignorar", disse Jones.
    Ontem , Jones havia afirmado que a mensagem da igreja é destinada aos radicais do islã.

    "Nós queremos que eles saibam que, se estão na América, precisam obedecer nossas leis e Constituição e não empurrar lentamente a agenda deles sobre nós", completou.

    Onda de Violência
    O primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, advertiu hoje em comunicado que a queima de exemplares do Alcorão pode suscitar ódio e aumento da violência.

    A queima de cópias do Alcorão "pode ser usada como desculpa pelos radicais para aumentar seus ataques e contra-ataques", disse al-Maliki, quem pediu que sejam evitados os planos do pastor Terry Jones.
    Após uma reunião entre al-Maliki, o embaixador americano em Bagdá, James Jeffrey, e o comandante-em-chefe do Exército americano no Iraque, Lloyd Austin, a nota divulgada acrescenta que "dita ação horrorosa não pode se considerar liberdade de expressão e é necessário intervir para evitar que se realize".
    Outras vozes ecoaram no mundo árabe em resposta à convocação do pastor americano de queimar cópias do Alcorão no próximo sábado, quando se completam nove anos dos ataques terroristas do 11 de Setembro.

    No Líbano, o patriarca maronita, monsenhor Nasrallah Sfeir, disse à imprensa local que o plano de Jones aprofundará ainda mais a brecha entre pessoas de diferentes religiões e culturas.
    "Queremos que a convivência no Líbano sirva de exemplo aos outros", afirmou Nasrallah, quem encorajou muçulmanos e cristãos a "renovar o compromisso da unidade".

    Na Jordânia, o partido opositor mais importante, Frente de Ação Islâmica, apontou hoje em comunicado que o projeto de queimar cópias do Alcorão é uma "declaração de guerra" contra o povo muçulmano.
    Além disso, pediu "aos Governos árabes e islâmicos que adotem uma atitude firme contra este crime e pressionem a Administração dos Estados Unidos para que o evite".
    Bahrein também se uniu às penas com um comunicado oficial publicado hoje no qual qualifica este "movimento provocativo" de "afronta atroz" contra os países muçulmanos.

    Radicais islâmicos planejam protestos

    Um militante islâmico radical no Reino Unido disse hoje que pretende queimar bandeiras dos EUA diante da embaixada norte-americana em Londres, no sábado, num protesto contra um pastor da Flórida que pretende queimar exemplares do Alcorão.

    Anjem Choudary disse à agência de notícias Reuters que espera gestos semelhantes de outros militantes islâmicos nos Estados Unidos, Bélgica, Irlanda, Líbano e Indonésia, num protesto contra o que ele chama de ocupação norte-americana em terras islâmicas.

    "Convocamos as pessoas a queimarem a bandeira norte-americana pois, assim, ao invés de serem humilhados e intimidados, elas poderão fazer desse um dia para lembrar as atrocidades cometidas em terras muçulmanas e expor o invasor", disse Choudary.

    Grupo cristão conta com 50 integrantes

    A "Dove World Outreach Center" (Centro da Pomba de Ajuda ao Mundo, numa tradução livre), a igreja que prevê queimar 200 exemplares do Alcorão no sábado em Gainesville, Flórida, é um pequeno grupo integrista cristão composto por 50 membros.

    O site da igreja (www.doveworld.org) diz que a comunidade foi fundada em 1986 por um certo pastor Don na sala de sua casa em Gainesville, uma cidade do norte da Flórida com aproximadamente 115.000 habitantes.

    As primeiras reuniões dos membros da comunidade foram realizadas na casa desse pastor e depois no hotel Holiday Inn e em um teatro dos arredores, segundo o site. Os membros fundadores reuniram em seguida a soma de US$ 150 mil para comprar o terreno no qual foi edificado o templo no final dos anos 1980.
    O pastor Don dirigiu a comunidade até sua morte, em 1996. Foi sucedido pelo pastor Terry Jones, que lidera o plano de queima do livro sagrado dos muçulmanos.

    Jones havia fundado na Alemanha a "Comunidade Cristã de Colônia" nos anos 1980, e dirigiu ambas as comunidades até 2008, quando se afastou do movimento alemão por "divergências".

    Do UOL Notícias
    Em São Paulo

    Fonte:  Uol. Notícias
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