TV, videogames e jovens


Tornou-se uma preocupação mundial o fato de crianças e jovens permanecerem tempo excessivo em frente aos aparelhos de televisão. É importante que os adolescentes tenham acesso a programas criativos que mostrem os progressos nos vários campos da atividade humana e informem sobre outros povos e culturas, sobretudo nesta era que denominamos da mundialização.

Lamentavelmente, os programas oferecidos pelas redes de televisão, em sua grande maioria, exaltam a violência, o egoísmo, o erotismo, a cultura da má competição. Raríssimos são os programas que mostram a solidariedade como fator capaz de criar uma sociedade da cooperação ou pregam o respeito aos idosos, aos pobres, às minorias. Os pais reclamam, com razão, da falta de uma programação seletiva, que permita aos jovens e às crianças terem o que chamamos de educação informal.


Em verdade, as atividades que mais influenciam o comportamento dos adolescentes estão relacionadas à educação informal, como os programas de rádio e de televisão, internet, peças teatrais, concertos musicais. A educação informal atua de maneira subliminar e representa o processo que de modo mais intensivo educa ou deseduca.

Por isso, os pais e educadores estão certos ao reclamarem da interferência da televisão e da internet no comportamento dos jovens e das crianças. No entanto, pesquisas recentes apontam que os jovens têm passado mais tempo diante do videogame e da internet do que da televisão em si. Eles estão trocando os programas televisivos pelos jogos e pela internet. Este fato, em lugar de amenizar, agrava a situação, uma vez que o uso do videogame é normalmente individual e os jogos estão cada vez mais violentos.

Nos Estados Unidos, pesquisadores universitários e associações de pais e mestres estão levantando dados para determinar a influência dos videogames no comportamento violento de jovens e crianças. Segundo a Universidade de Michigan, que avaliou estudantes da 5ª série - equivalente ao nosso ensino fundamental - à educação superior, tanto as crianças quanto os jovens estão empregando um tempo excessivo diante dos videogames. Os meninos jogam, em média, o dobro do tempo das meninas.

O principal motivo está no fato de que a televisão exige um comportamento passivo, enquanto nos videogames eles precisam participar ativamente, buscando a vitória a todo custo. Isto inclui utilizar ações violentas, trapaças e atuações não éticas, além de apelar para o individualismo.

Os pesquisadores norte-americanos estão tentando traçar um paralelo entre a influência da televisão e dos videogames e a distorção do comportamento infanto-juvenil.

Mas não precisamos esperar o resultado das pesquisas para saber que atual grande de programação das redes de televisão, sobretudo das abertas, pouco colabora na formação educacional das nossas crianças e jovens. Raros são os canais que têm a preocupação de educar ou transmitir programas socialmente construtivos.

Cabe aos pais conversar com seus filhos e direcioná-los na escolha dos programas televisivos e na compra de jogos. Além disso, é preciso impor limites. Limitar o tempo de uso da televisão e do videogame não é um ato de autoritarismo. Neste caso, passa a ser uma demonstração de amor e de atenção para com os filhos. É também uma forma de educar, inclusive para a vida.

Aluísio Pimenta
Professor e Membro da Academia Mineira de Letras
Fonte: Hoje em Dia
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