Atos ilícitos cometidos por jovens na web podem render processos aos pais

Conselho aos pais é que fiquem atentos aos acessos dos filhos à web


Casos de autoexibição, embora cada vez mais comuns, são menos conhecidos que os de cyberbullying. "A intimidação on-line está crescendo de forma intensa. O adolescente faz piadinha com um colega da escola e acha que, por ser pela internet, não machuca", observa Rodrigo Nejm. Pesquisa da Safernet em fevereiro revelou que 33% dos brasileiros entre 10 e 17 anos admitem ter um amigo que já foi vítima desse tipo de violência.

No Orkut, por exemplo, há comunidades com depoimentos - alguns anônimos - de gente que sofreu essa espécie mais recente de bullying. "É mais grave que o tipo tradicional. Quando vira cibernético, não adianta mudar de escola. Os amiguinhos de outros lugares podem encontrar as informações e divulgar na rede. O país inteiro pode ter acesso à humilhação. Aqueles dados ficam disponíveis para sempre e podem voltar a perturbar quando o adolescente se tornar adulto", resume Rodrigo.
Os pais têm um motivo a mais para ficarem atentos. Eles podem ser condenados na Justiça por atos ilícitos praticados pelos filhos na internet, caso estes sejam menores de idade. "Se os pais não sabiam o que eles andavam fazendo, podem responder por indenizações por danos morais", explica o especialista em direito eletrônico e professor da Fundação Getulio Vargas Renato Opice Blum. "Porém, se os pais sabiam que o filho estava cometendo um crime e toleraram isso, podem assumir a pena do crime praticado pelo filho", complementa.

Os especialistas recomendam alguns cuidados preventivos. "O computador deve ficar em um espaço coletivo da casa, como a sala de estar. Também deve haver controle do tempo que o filho passa na internet, sobretudo quando é criança", aconselha Rodrigo. "Com o adolescente, é mais complicado, ele sempre quer passar do limite", acrescenta.

A professora universitária Marcília Dalusto, de 44 anos, sabe disso. "Não consigo regular, eles querem sempre mais", reclama ela, mãe de dois rapazes de 14 e 17 anos. O mais velho, Pedro, confirma: "No papel, a gente pode ficar no máximo duas horas e meia, mas sempre extrapolamos. De vez em quando eles (os pais) são mais rigorosos, outras vezes chegam cansados do trabalho e deixam passar".

Maturidade Juliana Simioni
A auxiliar de serviços gerais Ana Alice Almeida, 41 anos, é menos flexível com o relógio. Sua filha, Ana Paula, 12 anos, acessa a internet pelo computador da vizinha e não pode passar de uma hora por vez. "Eu pego no pé dela", diz a mãe. "Falo para ela não se comunicar com quem não conhece. Tenho receio, porque vejo tantos casos acontecerem", revela. "Sempre que passa alguma coisa na televisão, como esses garotos que marcam encontro pelo bate-papo e sofrem alguma coisa horrível, meus pais falam: ‘Tá vendo, Ana Paula?’", diz a menina.
Ana Alice não sabe mexer na internet. "Sei nem para onde vai", diz, sorrindo. Mesmo assim, tenta acompanhar os passos de Ana Paula. "Um dia desses, entrei no Orkut dela com a ajuda da minha vizinha e não vi nada de mais, só recadinhos de colegas", comenta. Marcília nunca teve interesse em ingressar em redes sociais, mas já pediu para os filhos lhe mostrarem seus perfis no Orkut. "Não gosto de olhar sem o consentimento deles, não é muito legal", acrescenta. A relação de confiança foi construída desde cedo. "Meus pais orientaram bem. Eles só deixaram usar MSN, Orkut e e-mail quando fiz uns 13 anos. Falavam que eu ainda não tinha maturidade", lembra Pedro. Ele comprova que ficou atento às lições. "Na web, não divulgo nem a cidade onde moro."

O professor Sérgio Agner não tinha como observar de perto as ações dos cinco filhos em sites de relacionamento. Decidiu, então, que eles só podem ter Orkut ou MSN ao completarem 18 anos. "O pré-adolescente, muitas vezes, tem uma ingenuidade que quem está do outro lado não tem, e pode cair em armadilhas", justifica Sérgio. O mau uso da internet também é visto nas salas de aula. Sérgio confirma que alguns estudantes copiam de sites seus trabalhos escolares. "É bem frequente a reclamação dos professores."

Fonte: Correio Braziliense
Postado por Juliana Simioni
Via: Guiame.com.br 

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