Brasileiros são contra lei que proíbe palmadas


54% dos brasileiros são contrários ao projeto de lei que veta castigos físicos em crianças, segundo Datafolha.Levantamento mostra ainda que a maior parte dos brasileiros já apanhou dos pais e já bateu nos filhos.



A maioria dos brasileiros já apanhou dos pais, já bateu nos filhos e é contra o projeto de lei do governo federal que proíbe palmada, beliscões e castigos físicos em crianças.

É o que revela pesquisa Datafolha feita na semana passada em todo o país. Disseram ser contra o projeto de lei 54% dos 10.905 entrevistados. Outros 36% revelaram ser favoráveis à proposta do presidente Lula.


O levantamento revela que meninos apanham mais que meninas. E que as mães batem mais nos filhos que os pais. Entre as mães, 69% admitiram ter dado algum tipo de castigo físico em seus filhos, contra 44% dos pais.

Já apanharam dos pais 74% dos homens e 69% das mulheres. No total, 72% dos brasileiros sofreram algum tipo de castigo físico, sendo que 16% disseram que costumavam apanhar sempre.

A pesquisa é de 20 a 22 de julho. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Para Carlos Eduardo Zuma, psicólogo, secretário da ONG Não Bata, Eduque, a lei, se aprovada, deve gerar uma mudança de comportamento, mas isso deve demorar ao menos uma geração.

"Na Suécia, quando a lei passou a vigorar [em 1980] as pessoas eram favoráveis ao castigo físico. Hoje essa visão mudou radicalmente."

Para ele, a palmada cria uma cultura de violência. "O pai passa a informação para a criança de que se alguma coisa a contraria, tudo bem bater", diz.

O projeto de lei enviado para o Congresso no início do mês altera a lei que dispõe sobre o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e "estabelece o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos corporais ou de tratamento cruel ou degradante".

O ECA atualmente fala em "maus-tratos", sem especificar os tipos de castigo.
O texto considera castigo corporal qualquer "ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em dor ou lesão à criança ou adolescente", inclusive palmadas e beliscões.

TALITA BEDINELLI - DE SÃO PAULO 

Colaborou EVANDRO SPINELLI
Fonte: Folha de São Paulo
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