A PEC da Felicidade e o Caso Bruno

Escrito por Milton Alves -
Ter, 13 de Julho de 2010 12:00 

SANTOS (São Paulo) - O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) protocolou no último dia 7 a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que prevê a inclusão do direito à busca da felicidade na Constituição. A chamada "PEC da Felicidade" propõe alterar o artigo 6º do conjunto de normas máximo do País, que dispõe sobre os direitos sociais. Caso seja aprovada, a nova redação do artigo 6º da Carta Magna, proposta pela PEC, ficará assim: "São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição". 


Pesquisando sobre o assunto, pude constatar que o Brasil não é pioneiro na materialização ou mensuração da felicidade em documentos oficias. Países como Japão, Coreia do Sul e França também a subscrevem em suas constituições. Já o Reino do Butão, país asiático encravado entre China e Índia situado na Cordilheira do Himalaia, vai além. Estabelece como indicador social um Índice Nacional de Felicidade Bruta (INFB), equacionado a partir de questões como cultura, educação, ecologia etc.

É salutar se valer de instrumentos variados para assegurar a todos, indistintamente, o cumprimento dos direitos sociais. De igual modo, é legítimo e sincero defender que, quando necessidades básicas são supridas, a satisfação que decorre disto gera bem-estar. Não me traz incômodo saber que nossos governantes estão preocupados com a felicidade de seus representados. Pelo contrário. Não há desejo mais comum e democrático entre os homens do que o de alcançá-la. Afinal, o que é felicidade?

Alguns acham que se trata de algo palpável. Outros a associam ao prazer ou à ausência de problemas. Enfim, teorias não faltam. Mas a conclusão inequívoca a que se pode chegar é a de que ter dinheiro, saúde, segurança, poder, prazeres, amigos, não garantem felicidade. Existem muitas pessoas que têm todas essas coisas e são infelizes e há outras sem quase nada, que são verdadeiramente felizes. Bruno, ex-goleiro do Flamengo, era capitão do time, atual campeão brasileiro pelo clube de maior torcida no Brasil, jovem, famoso e dono de um salário de 200 mil - sem contar o que abocanhava com patrocínios, direito de imagem e "bichos".

Entretanto, nada disso foi suficiente para que esse rapaz, agora acusado de participar do assassinato hediondo de sua ex-namorada, se encontrasse com a verdadeira felicidade. Como tantos outros, Bruno a perseguiu onde ela está presente apenas como uma miragem. Pegou atalhos com o fim de chegar ao destino mais depressa. Sucumbiu à tentação de transformar pedras em pães.

Deus está intimamente comprometido com a sua felicidade. Ele o criou para ser feliz! Jesus começou o seu ministério falando exatamente sobre ela: "Bem-aventurados..." (Mt 5). O termo utilizado pelo Senhor no sermão da montanha é "makairós", ou seja, "mais do que feliz". Nossos pais na fé entenderam o recado e na resposta à primeira pergunta do Catecismo Maior de Westminster resumiram que "O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e se alegrar nele para sempre".

Porém a Bíblia não materializa ou condiciona a alegria às coisas. A expressão "alegrai-vos no Senhor" de Filipenses 4.4, por exemplo, nos dá a idéia de uma alegria que não depende de outros fatores, mas depende unicamente do Senhor. Assim, a bem da verdade, até se tem um elemento de condicionamento. Mas um diametralmente oposto ao perpetrado nas constituições. Segundo o Apóstolo Paulo, a alegria depende de sua relação com Deus.

Se esta relação estiver interrompida, você estará desligado da fonte de alegria. É necessário, então, eliminar o que se pôs entre ti e Deus. Apenas religados a essa fonte, o seu rosto vai brilhar como uma lâmpada que se acende mesmo nas noites mais sombrias da vida.

Giuliano Coccaro
Pastor assistente da IP Jardim de Oração, de Santos
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